Saídos do avião um tipo do aeroporto de Conakry pediu que quem não seguisse para Freetown fosse indicar qual era a sua bagagem. Bagagem identificada, tudo a bordo do autocarro, e eu a pensar "isto é um aeroporto a sério, até sabe bem". A viagem de autocarro durou uns intermináveis 3 minutos. Literalmente. Não foram mais de 300m...
Entrámos, tivémos que preencher uma daquelas fichas a dizer de onde vimos, onde é que ficamos, etc, etc. Eu pedi uma caneta emprestada a uma rapariga liberiana que tinha vindo no mesmo voo e que me pediu ajuda para preencher a ficha porque não percebia francês, apesar de por baixo do "Nom, prenom, etc" estar "Last name, given name, etc". :P
Eu trazia uma cópia do visto que tinha sido digitalizado e enviado por email. Claro que os polícias do aeroporto começaram logo com a fita de "tem que ser o original e tem que pagar aqui uma multa para poder seguir"...
"E quanto é a multa?"
"Cinquenta euros."
"Que aborrecido, eu não trago dinheiro nenhum comigo."
"Ah! Assim vamos ter que ir ali ao bureau."
Isto tudo num francês muito arranhado porque eu não falava francês há anos.
Entretanto chegaram os tipos da empresa que me vinham buscar: o motorista, Aliou, e o segurança, Van Damme. :D
Eu expliquei-lhes, em inglês, o que se passava, e eles disseram que tomavam conta do assunto.
Acabámos por ir todos para o "bureau" onde estavam à vontade uns 7 ou 8 polícias. Um deles era mais graduado porque tinha duas listas nos galóes em vez de uma como todos os outros, estava sentado na secretária com mais papéis, e os outros calavam-se todos quando ele falava. A estratégia era simples: não pagar nada. Limitei-me a sorrir o tempo todo e a perguntar se falavam inglês. O graduado arranhava, os outros nem por isso. Mas, o mais interessante foi eles pensarem que eu não percebia francês e eu a acompanhar prefeitamente a conversa, com a cara de parvo da praxe para fazer de conta que não fazia a menor ideia do que estavam a falar.
A certa altura já se falava em 300 euros, depois lá perceberam que eu era português, que era a minha primeira vez na Guiné e mais alguma conversa da treta.
Cerca de uma hora depois, durante a qual o graduado fez questão de explicar aos seus subordinados (não a mim porque estava a falar em francês) como funcionam os visas, as embaixadas e a diplomacia em geral, acho que se cansou do meu sorriso idiota e do facto de não parecer ter pressa para ir a lado nenhum e lá me mandaram embora sem pagar um tostão. :P
E pronto... Quando saímos no jipe dei um adeus à liberiana que aparentemente ainda estava à espera da tia e seguimos aqui para a Cellcom Guinea. Pelo caminho tirei algumas fotografias com o telemóvel. Embora a cidade seja maior, fico com a sensação de "mais do mesmo", com a diferença da língua.
Algumas fotografias tiradas na estrada. Isto até podia ser uma cidade com um aspecto civilizado, mas dá-me a ideia que as pessoas "não deixam".



Não consegui perceber que estátua é esta. Mas consigo mostrá-la no Google Earth se quiserem. :P

Lembram-se de ter falado dos "autocarros"? Em Conakry é precisamente a mesma coisa. Basicamente são carrinhas tipo Toyota Hiace às quais acrescentam uns bancos e que fazem "serviço de táxi" pela cidade. Em Monróvia contei uma vez 19 pessoas dentro de uma Hiace. Consegui tirar esta fotografia com o telemóvel a uma dessas carrinhas em Conakry.

Allô, ça va?
ResponderEliminarComo é que alguém se cansa de um sorrisinho constante, mesmo que seja o teu :) é que fico abismada! Nas embrulhadas que te consegues meter, mas sobrevives sempre, lol.
Às vezes ficamos agradecidos àquela professora de francês da secundária, que era velha, feia e gorda, mas que sempre nos passou qualquer coisa de francês... nem que fosse com um tesez vous!!
Parlez vous français? Les Aventures de Tintin!!
Bisous!
Jak