quarta-feira, 14 de outubro de 2009

The Liberian Way...

Passados uns 5 meses desde que aterrei aqui pela primeira vez começo a sentir-me realmente "em casa".
Já apanhei as manhas, os truques, etc.
Domingo à noite fui deixar uma amiga a casa, no regresso fui mandado parar numa operação stop. E qual é o aspecto de uma operação stop aqui? Alguns pneus com umas traves em cima atravessadas na estrada para não deixar os carros passar.
Uma Sra. Polícia muito simpática abordou-me do lado direito do carro:

"Hello, good night."
"Hello officer, how are you tonight?"
"I'm fine. Where are you from?"
"Cellcom."
"Hummm... I could use some Cellcom money..."
"Sorry but I don't have any scratch cards on me tonight."
Aqui os carregamentos nos telemóveis são feitos com uns cartões tipo raspadinha. Compra-se o cartão, raspa-se, manda-se uma mensagem com o código, recebe-se o crédito no telemóvel.
"But I could really go for a hot tea, it's cold tonight."
"Hummm... Let me see what I got..."
Meti a mão no bolso onde sabia que tinha uns 3 ou 4 dólares e dei-lhe o molhinho de notas de forma discreta.
"Thank you friend! You have a good night! Hey! Let the man through!"

Segunda-feira, algo semelhante. Quando a fui levar a casa encontrámos uma operação stop. Fila enorme, tudo parado. Não estava para estar à espera. Meia-volta e fui pelo outro lado, pela ponte.
Antes da ponte, outra operação stop, mas desta vez sem fila.

"Good evening."
"Hello officer, how are you tonight?"
"Fine..."
O tipo ficou a olhar para mim sem dizer nada praí uns 30 segundos e eu perguntei:
"Can we go?"
"No, you can't go just yet."
"You want to see my driver's license?"
"Yes."
Mostrei-lhe a carta de condução, ele olhou para ela e devolveu-ma.
"You've been passing here a lot, you know the materials we work with..."
"You've probably been seeing the car a lot 'cause it's the company's car. I don't go this way often."
E o tipo ficou outra vez a olhar para mim uns 30 segundos. Eu limitei-me a sorrir agradavelmente até que ele se decidiu a fazer alguma coisa.
"Please turn on the light. Let me see what you have in the back seat."
Acendi a luzinha do carro, ele viu que eu não tinha lá nada, e lá nos deixou seguir.

No regresso, voltando pela ponte, lá estava a mesma operação stop. Abrandei, um dos polícias fez-me sinal para parar, eu contornei os pneus e os paus, acenei-lhe com a mão cumprimentando e agradecendo ele ter-se chegado para o lado, e segui o meu caminho como se não fosse nada comigo.

Ontem, fui buscar a caramela.
"João, I have a problem."
"What's up?"
"My cousin is giving me a hard time, he wants to meet you."
"Sure, no problem."

Tive que esperar que viesse o primo da rapariga aprovar com quem ela andava a sair...
O tipo lá veio ter connosco:

"Hey man, how are you?"
"I'm fine. Hope you understand, she's my only cousin and her parents are abroad."
"Sure, I undersand where you're coming from. I won't tell you righ now I'm a good guy. You'll get to know me."
"OK, thanks."

E lá fomos nós à nossa vida.
Quando a fui levar a casa estava um camião estacionado no caminho de terra que vai dar a casa dela. Desta vez achei que era altura de não fazer as coisas "the liberian way".
Saí da pick-up e fui acompanhar a miúda a casa pelo caminho de terra.
Para lá foi tranquilo porque ela tem um daqueles Nokias com lanterna. Para trás não foi mau de todo porque estava a trovejar e os relâmpagos iluminavam o caminho. :)

Já ia a caminho de casa, no carro, quando o primo me liga o primo.

"Hey, what's up?"
"Hey man, thanks for taking her home. Really appreciate."
"No worries, see you later."

E pronto... It's the liberian way of life. :)

2 comentários:

  1. Parece que tu estás a aprender a Liberian Way, mas eles estão longe de perceber a Portuguese Way!... ;)

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  2. ainda me ri com o comentário de cima :P

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